Porque não refundar Passos Coelho?

06-11-2012 10:17

Passos Coelho desafiou os parceiros sociais e nomeadamente o PS a participar na reforma do Estado Social. Uma reforma que, pela sua complexidade, delicadeza e melindre, deve obter o maior número possível de adesão, de acordo e de consenso. Contudo, mais uma vez o primeiro-ministro mostrou ser um desastre na condução dos processos de negociação ou então um manipulador, mal-intencionado e fingido. 

Ninguém politicamente honesto, sério e responsável solicita solenemente um consenso alargado, o estudo de uma refundação do memorando de entendimento e, passados alguns momentos, o País fica a saber que Passos Coelho escreveu uma carta ao PS pedindo ajuda para cortar 4 mil milhões de euros e que o seu líder soube pelos jornais e através de um comentador, Marques Mendes, numa estação televisiva que, afinal, os técnicos do FMI já estão em Portugal a preparar os novos cortes. Contudo, o diligente e apressado Passos Coelho, durante o debate do Orçamento de Estado para 2013 na Assembleia da República, nada disse à Câmara.

Compreendemos que a coligação e os partidos que suportam o Governo não queiram assumir a paternidade deste orçamento. Um orçamento que em tudo piora o que já é mau e que propõe mais impostos e taxas fiscais, crescimento do desemprego, crescimento da insolvência das empresas e que vai buscar 80% das receitas aos nossos salários e pensões. Já não é admissível é que tenha tido a ousadia de piscar o olho ao PS e que o tenha desafiado a assumir os seus fracassos, o agastamento social e a teimosia das suas opções políticas. Isso já constitui, grande atrevimento e insolência.

A verdade é que já ninguém parece querer segurar este Governo. O ambiente geral está inquinado e é de permanente tensão. O Governo está com dificuldades em conviver com o partido de coligação, com a oposição e com a população e mesmo as figuras mais emblemáticas e comentadores que suportam este Governo todos afirmam a sua casmurrice, obstinação e falta de sensibilidade política e social.

 

Manuel Ferreira

Presidente da Comissão Política