Moção de censura do PS
A moção de censura do PS ao Governo do PSD e CDS-PP não podia ter vindo em melhor momento. Do ponto de vista do combate político, foi uma decisão oportuna e uma boa estratégia.
Com esta iniciativa, o PS começa a liderar a agenda política da oposição e encontra-se aberto a qualquer cenário futuro, nomeadamente ao aparecimento de uma crise política, que pode levar a eleições antecipadas. A pedra de toque desta realidade será, eventualmente, a decisão do Tribunal Constitucional sobre algumas medidas polémicas inscritas no Orçamento de Estado para o corrente ano. A ver vamos…
O PS não podia era ficar refém de um memorando que já pouco ou nada tem a ver com o acordo originalmente estabelecido e de uma política governamental que seguiu um rumo contrário às suas ideias e propostas.
Depois do fracasso das políticas de austeridade, visível na derrapagem da execução orçamental, e da recusa permanente por parte do Governo em aceitar integrar algumas das soluções para o problema económico apresentadas pelo PS, este não tinha outro caminho senão aparecer como alternativa. O PS precisava de começar a ter uma voz própria, mais activa e uma maior iniciativa.
Esta demarcação, porém, não significa a fuga aos seus compromissos com a ‘troika’, mas tão só a ideia de que existe uma outra maneira de cumprir as exigências das entidades internacionais. O memorando não é um documento rígido, inflexível, mas deve estar sujeito a um processo negocial evolutivo. O seu sucesso dependerá da capacidade de cada uma das partes de o adaptar e ajustar às novas condições políticas, sociais e económicas.
Manuel António Rebelo Ferreira
Presidente da Comissão Política do PS